terça-feira, 24 de março de 2009

Origem do povo Pataxó

No Brasil existem aproximadamente 215 povos indígenas e mais de 180 línguas faladas. A partir daí, se pode notar a diversidade de culturas e costumes existentes no país. Infelizmente, nem sempre essas tão ricas diferenças culturais são respeitadas.
Na época do Descobrimento do Brasil (1500), nós e outras etnias (Botocudo e Maxacali) éramos conhecidos como os temíveis "Aimorés". A primeira descrição de nossos antepassados, já com nosso verdadeiro nome de "Pataxó", foi feita em 1850 pelo viajante austríaco Maximiliano Wied Neuwied, perto do Monte Arará, atual Monte Pascoal, situado no sul do Estado da Bahia.

Os povos indígenas do atual Extremo Sul baiano são personagens marcantes já do primeiro documento da história do Brasil, a notória carta de Vaz de Caminha (1500).
A aguçada descrição etnográfica aí contida não deixa dúvidas quanto a serem tupi estes índios, ou mais precisamente Tupiniquim, como se tornariam conhecidos em toda a documentação colonial subsequente para a região, especialmente aquela produzida por missionários jesuítas que entre eles se estabeleceram já nas décadas iniciais do período colonial.
Por outro lado, se estes Tupi, até então senhores de todo o litoral dos atuais municípios de Belmonte, Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália e de muitas outras porções da costa, se tornaram de pronto não só bem conhecidos como subjugados ao colonizador, ficaria também logo patente que esses não estendiam seus domínios muito para o interior, território de outras etnias que à época os portugueses identificavam apenas pela designação tupi genérica de Aymoré e sobre os quais o poder colonial levaria ainda mais que um par de séculos para estabelecer o seu domínio.
Sabe-se hoje que os Tupi avançaram, vindos do sul, pela costa leste e nordeste do Brasil, dela desalojando diversas outras etnias, em geral dadas como afiliadas ao tronco Macro-Jê, apenas no máximo alguns poucos séculos antes da intrusão européia e que, apesar de terem consolidado seu domínio sobre o litoral, incursões belicosas dos povos do interior eram ainda freqüentes no limiar do século XVI.
Enquanto os Tupi tendiam a se concentrar em aldeias estáveis, relativamente grandes, onde poderiam viver de mil a três mil indivíduos e, em alguns casos, até muito mais, os povos do interior organizavam-se em pequenos bandos de apenas algumas famílias, algo em torno de dezenas ou, no máximo, não muito mais que uma centena de indivíduos, o que lhes facultava uma grande mobilidade, raramente adotando um mesmo local de moradia permanente por mais que uma estação agrícola e, ainda durante tal período, com grande movimentação ao derredor.
Com tais características, a caça e a coleta tinham, proporcionalmente, mais destaque na economia destes grupos que a agricultura; e que o oposto se dava no caso dos Tupi costeiros, mais sedentários e capazes de exercer um domínio mais estável sobre um território específico, onde plantavam suas grandes roças de mandioca e milho, intercaladas por extensões de mata — áreas de caça e coleta —, além do domínio de importantíssimos ecossistemas costeiros, especialmente estuários, restingas e manguezais, ricos em proteína animal, além do acesso ao próprio oceano.
Os Tupi constituíam um conjunto cultural e lingüístico bastante homogêneo ao longo de toda a costa, ainda que fracionado em muitas unidades políticas locais de relativa flexibilidade, os grupos do interior só podem ser tomados como uma unidade por características bem genéricas, e, ainda assim, corre-se o risco de distorções.
Lingüistas sustentam a hipótese de que a região compreendida hoje pelo sul da Bahia, Leste e Nordeste de Minas Gerais e o Espírito Santo — dominada pelas grandes bacias dos rios Doce, Mucuri, Jequitinhonha, Pardo e de Contas — tenha sido a região original de concentração dos grupos do tronco Macro-Jê. Isto explicaria a sua grande diversidade lingüística, que compreende as famílias Botocudos, Puri, Kamakã, Maxakalí, que possivelmente inclui as línguas designadas Pataxó — não suficientemente conhecidas para uma classificação precisa — e talvez outras, além de línguas isoladas, cujos escassos registros hoje disponíveis também não permitem maiores discernimentos.
As grandes aldeias dos Tupiniquim se tornaram presas fáceis da conquista lusitana, iniciada por métodos "pacíficos" e completada militarmente quando já não era possível a resistência. Neste processo, as grandes concentrações indígenas — intensificadas pelo trabalho catequético dos jesuítas — foram amplamente dizimadas pelas epidemias européias, rapidamente alastradas, de modo tal que, ao se encerrar o século XVI, praticamente já não havia tupiniquins livres na atual costa baiana.
Das aldeias missionárias que, nas cercanias de Porto Seguro, chegaram a mais de uma dezena, apenas duas o sobreviveram: as de São João Batista e Patatiba, tornando-se as vilas de Trancoso e Vila Verde.
(Fonte:Breve história da presença indígena no extremo sul)

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